Por Julien Pretot
CANNES, França (Reuters) - Escolher os vencedores pode sintetizar a razão de ser do júri do Festival Internacional de Cinema de Cannes, mas deixa Woody Allen tão indiferente que ele sempre se recusou a inscrever seus filmes para a mostra competitiva do prestigiado evento anual.
O veterano diretor e ator norte-americano abre o festival pela terceira vez nesta quarta-feira com seu 'Café Society', mas mais uma vez sua obra mais recente não fará parte da competição principal, cujo júri é presidido este ano pelo diretor australiano George Miller.
"Um grupo se juntar e julgar o trabalho de outras pessoas é algo que eu jamais faria", disse Allen em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira.
"É... algo em que não acredito, por isso não quero participar disso."
Mas Miller e seus colegas – entre eles a atriz norte-americana Kirsten Dunst, o ator dinamarquês Mads Mikkelsen, a atriz e cantora francesa Vanessa Paradis e o diretor húngaro Laszlo Nemes, vencedor da Palma de Ouro do ano passado – irão julgar 21 filmes.
"Você poderia questionar como se avalia estes filmes, mas isso com certeza é equilibrado pelo simples prazer de estar aqui assistindo filmes que são novos, assistindo-os com consideração e depois conversando", opinou Miller.
"Todos nós encaramos a tarefa com humildade. O maior obstáculo é que trazemos qualidades diferentes, temos uma abordagem diferente – alguns (são) cineastas, diretores, atores, então a tarefa é tentar esquecer isso e voltar a ser uma plateia", disse Mikkelsen.
Para Kirsten, a competição é simplesmente vital para o cinema em geral.
"Sem festivais de cinema como este não veríamos filmes, e eles não ficariam famosos como 'Filho de Saul' (de Nemes)", afirmou ela. "Precisamos destes festivais para divulgar cineastas... sem isso estaríamos só em filmes arrasa-quarteirão o tempo todo."